Poesia Viva

terça-feira, janeiro 31, 2006

Intuição....


Sabemos utilizar os sentidos
Quando deles precisamos.
A alguns, nem lhes damos ouvidos,
Tal a rotina com que os usamos...

Ouvimos e cheiramos sem saber,
O que estamos a ouvir ou a cheirar.
E quando precisamos de VER,
Apenas olhamos, sem observar

Tacteamos as coisas, não olhamos
O que estamos, de facto, a agarrar.
E ficamos mudos quando falamos,
Se falamos apenas por falar...

Olhamos simplesmente as flores,
O seu perfume parecemos ignorar...
E somos assim com os amores,
Com que nos enganamos, a amar...

E vamos passando pela vida
Sem que a vida passe por nós...
E da nossa imagem "tão querida",
Quando "vemos" já estamos sós...

Falta-nos, nesta altura da evolução,
Darmos o salto para outro nível,
Vermos com os olhos do coração,
Não mais querermos o que é sofrível!

E quando sabemos o que algo É
Vendo somente com o coração,
Sem nos chegarmos sequer ao pé,
Saberemos, pois, o que é Intuição.

Intuição é, assim, outro sentido,
Em que prestamos toda a atenção
O sexto, que tem sido mantido
Tão fora da nossa compreensão.

E somos incompletos sem ela,
Falta-nos sempre algo maior!
A visão estreita da nossa janela
Não é a do ponto mais alto: o AMOR.

Somos seres multifacetados
Que os cinco sentidos, bem maiores!
Para não estarmos manietados,
Temos que nos tornar observadores...

E observadores quer apenas dizer
Que existem tantas outras dimensões!
Para um SER INTEIRO podermos SER
Abramos o coração a outras visões!

José António

(Foto de Isabel no Cabo da Roca, Sintra, o Ponto mais Ocidental da Europa).

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Neva em Lisboa, neva em Portugal...

"Neve em Portugal" - Foto do site online do PÚBLICO

Por toda a tarde de ontem, mensagens de amigos e amigas chegavam dos mais diversos pontos, referindo a surpresa de neve que tinha vindo agitar a plácida tarde de Domingo.

Em Lisboa, não acreditávamos chegar a vê-la, até ela começar a caír em cada rua, cada praceta...
Quando os nossos Amigos Glórias mandaram um sms a dizer que a neve tinha chegado a Massamá, ainda estávamos incrédulos...

Foto gentilmente enviada pelos Amigos
Helena e Fernando Glórias, de Massamá!



Lumiar, Lisboa, Rui Pedro - SIC Online

A caminho de Coimbra, diziam os Amigos Rosa e Manuel Duarte:

"Aqui neva! Desceu sobre nós a côr da Paz e da Purificação. Estes caminhos alvos são os de Santarém..."

Serra D'Aire, Ribatejo, Margarida Marques, site da SIC Online


Constância do Ribatejo Margarida Marques - Site da SIC Online

De Évora, a Amiga Isolina Lages escrevia o seguinte:

"Évora vestiu-se de noiva e mostrou-se aos seus visitantes em todo o seu esplendor. Os que aqui vivem, ficaram deslumbrados e os de fora, surpreendidos.
Andei pelas ruas fotografando e vivendo estes momentos únicos que a Vida nos dá e agradecendo tanta Beleza!"

Neve em Évora - SIC Online

Muralha de Évora - ROMEIRA - SIC Online

Por todo o País, as imagens da brancura cadente encheram as páginas dos jornais e largos minutos dos jornais televisivos.

Mas, no meio de toda esta feérica actividade, valeria a pena pensar se tantas mudanças climatéricas não serão, também, causa para preocupação.
E, com tanto frio, vêm também à mente aqueles que não têm com que se aquecer... Será para eles um espectáculo tão belo assim?
A minha Amiga Elsa Gonçalves hoje contava-me do sem abrigo que normalmente pernoita num jardim perto da sua casa. Perante a questão que ela lhe colocou, se não seria melhor procurar abrigo, terá respondido:

"Aqui, tenho um hotel de muito mais de cinco estrelas... posso ver as flores, ninguém me maça... A única coisa que preciso são cobertores e sopa quente!".

E foi assim que ele recebeu os seus cobertores e a sua sopa quente, preferindo, no entanto, ficar no seu "hotel de muito mais que cinco estrelas"...

Isabel

(fotos obtidas dos sites do Público Online e da SIC Online,
algumas com as referências aos seus autores de origem).

domingo, janeiro 29, 2006

Cai neve em Lisboa... e pelo país inteiro!


Hoje, surpresa das surpresas! Num país normalmente tépido em tudo, está a nevar!!!

De acordo com as gerações mais antigas da família, só terá nevado em Lisboa duas vezes, ao longo de todo o século vinte! E hoje, a neve veio brindar-nos com a sua gélida presença!

Pedi emprestada ao Misterious Spirit a foto que aqui mostro, de uma praceta lisboeta com a neve a caír...

Hoje, dia de Lua Nova e de Novo Ano Chinês, que a neve não seja a única novidade, mas que haja BOAS NOTÍCIAS num mundo tão necessitado de entreajuda e fraternidade!

Isabel

sábado, janeiro 28, 2006

Caleidoscópio de Sonhos...

Quadro de Nicholas Roerich - Northern Midnight


Ao que há de melhor em nós:


Caleidoscópio de sonhos,
Que mostras mil cores garridas,
Possamos SER o que SOMOS,
Sem dúvidas nem feridas!

E que assim possamos ver,
Para além das dores da vida,
A Esperança e o Poder
Da nossa Face Escondida:

Desse nosso SER MAIOR
Que espiritualmente existe,
Que transmuta toda a dor
E cujo AMOR persiste!

Isabel

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Em celebração (e gratidão!) - MOZART, 250 anos!

Imagem de Mozart criança
retirada da WIKIPÉDIA


Passam hoje 250 anos sobre a data de nascimento daquele que foi WOLFGANG AMADEUS MOZART. Maravilhosa presença que nos deixa um imenso rasto de beleza, harmonia e força, Mozart viverá para sempre no coração dos melómanos e a sua música ainda hoje continua a espalhar à sua volta alegria, luminosidade e o testemunho da sua genialidade.

Hoje, um Amigo nosso, o Carlos Rosado, chamava a atenção para o facto de que Mozart, que originalmente se chamava Wolfgang Theophilus Mozart, teria, já a meio da vida, decidido mudar de nome para Wolfgang AMADEUS Mozart. Ele perguntava-se o porquê desta mudança... Reflectindo um pouco, verificamos facilmente que o significado de ambos os nomes é quase idêntico - ambos significam amar a Deus ou ser Amigo de Deus... Mas o que poderia querer dizer mudar de um nome para outro, aparentemente com o mesmo significado último?

Enquanto que o primeiro nome tem origem GREGA, o segundo é quase a sua tradução LATINA. Qual terá sido a razão de fundo para a mudança? Quem poderá saber?
Mas uma coisa é certa, por vezes alguém quer mudar de nome (como os artistas, ou os místicos) para assim assinalarem o seu renascimento, uma espécie de novo "eu". Ora, a escolha de uma mudança de nome, em que o novo nome é quase a tradução do primeiro, poderá indiciar um "renascimento", mas fiel à ESSÊNCIA daquilo que já era.
Por outro lado, há a diferença entre "philia" (Amizade) e AMOR (amor). Será que, fiel às suas origens, houve mesmo assim uma caminhada gradativa, que o aproximou ainda mais da sua essência espiritual? Ou apenas um gosto súbito pela LATINIZAÇÃO do seu nome, relacionada com objectivos externos?

Imagem de Mozart adulto
retirada da WIKIPÉDIA


Talvez algum perito conheça estes detalhes, eu limito-me aqui a reflectir sobre eles deixando que a minha imaginação voe para aquele menino precoce cuja Alma parecia encerrar tantas surpresas maravilhosas!

Imagem de Mozart Menino tocando com o Pai e a Irmã,
retirada do site www.mozartproject.org


Perante um Mozart, esse Aquariano de excepção, que foi considerado uma das primeiras crianças prodígio, só posso sentir tanta gratidão! Aliás, perante os grande músicos, escritores, pintores, só posso sentir uma dívida tão grande, pois o mundo ficou muito mais belo com todas as suas criações. E a música de Mozart é uma das que mais se aproxima da grandiosidade e harmonia da Natureza.

Isabel

O que somos...


Eu quisera apenas poder ascender
A outro patamar de entendimento,
Que me permitisse apenas saber
A causa de tanto, tanto sofrimento!

Depois de tantos milhares de anos,
De guerras. mortes e atrocidades,
De tempestades, ilusões, desenganos
Ainda não se aprenderam as verdades

Dentro de cada um está a verdade
Sempre pronta para ser revelada!
Cultivando a eterna serenidade
Aos nossos olhos será desvelada

O que falta a cada um perguntar,
O que falta a todo o homem saber,
Que lhe permita SER inteiro e AMAR
Ultrapassando tanto, tanto sofrer?

Se mudasse a sua limitada visão,
Se pudesse elevar-se um pouco,
Veria, com os olhos do coração,
Deixaria de agir como um louco

A vida é UNA, ETERNA, IMPERECÍVEL...
Que nos acena todos os dias,
Para vivermos desta forma incrível
Verdadeiras e mágicas antologias

Somos como uma gota de água
Que percorre o Universo inteiro,
Líquido, gás, vapor sem mágoa,
Que retorna ao seu canteiro...

Somos como a noite e o dia,
Somos o positivo e o negativo,
Somos a maré cheia e a vazia,
Somos a chispa do SER primitivo.

E assim andamos pela eternidade
Adquirindo formas e experiências,
Até sabermos ter a capacidade
De sermos todas as transcendências...

E, se não fizermos juízos de valor,
Se nos limitarmos a saber estar,
Seremos, apenas, o ETERNO AMOR
Que quer a vida toda contagiar!

E poderemos ser então SERES INTEIROS,
Corpo, Alma, Espírito e, com Discernimento,
Seremos flores em todos os canteiros
E viveremos com Amor e Desprendimento.

José António

(Foto do José António tirada na Nazaré: Três sóis!...)

terça-feira, janeiro 24, 2006

Como um respirar...


Tenho uma janela
acima das nuvens
e vejo-as passar...
E nessa lonjura
eu sinto que a VIDA
é um respirar...

Por montes e vales,
os verdes azuis
estendem-se ao infinito...
Acima das nuvens,
vejo o céu brilhar,
um pássaro solta o grito.

Por terras e montes,
até onde a vista alcança,
o vento e as nuvens
numa espécie de dança,
ocultam o Sol,
para logo o revelarem...
Ocultam os montes,
para logo os destaparem!

Tenho uma janela
acima das nuvens
e vejo-as passar...
E nessa lonjura
descubro que SOU EU
A VIDA A RESPIRAR!!!

Isabel

(Foto de Isabel, tirada de uma janela na Aldeia de Baraçais, Freguesia da Roliça, Bombarral)

A POESIA...


A poesia é vida, transformação!
Traz das estrelas o fino pó
Impregnada de imaginação
Para que nunca te sintas só

E a transformação que gera
começa em nós, em cada um
Não uma simples quimera
Mas por tudo o que é comum

E se for viva, perene, renovadora,
Muda tudo de repente (ou devagar)
Sua génese é tão transformadora
Que jamais se deixará manietar

Abre sempre caminhos de futuro
Com os pés assentes no presente
Rompe a grilheta, a prisão, o muro
Ilumina a escuridão abruptamente

Pode ser suave ou revolucionária
Depende sempre das circunstâncias
Não mais indiferente ou sectária
Pronta a correr todas as distâncias

É o fermento duma outra nova vida
É a mistura que produz toda a magia
É aquela fragância pura, tão querida
Que gera em si a tristeza e a alegria.

Brilha o Sol que os poetas ilumina
Em jorro de inspiração tão plena
De uma semente tão pequenina
Que do Infinito sempre nos acena

José António

(Foto de Isabel, de Peniche visto a partir do Baleal)

Parabéns a um Amigo Especial!


O Jorge é aquele Amigo que está sempre pronto a desviar-se do seu caminho para dar uma mão a alguém que precise, sempre disponível para trabalhar mais ou ajudar a "desenrascar" qualquer coisa que precise de ser feita... e bem feita! Pois o que sai das suas mãos e da sua criatividade é sempre bom e belo...

Como pessoa e como Amigo é do melhor que há e é por isso que daqui lhe mandamos um abraço ENORME e os nossos desejos de que o seu Novo Ano lhe traga Saúde, Felicidade e a Realização pessoal e Espiritual que merece.

Querido amigo, há um poema antigo e brincalhão que dizia mais ou menos isto:

"Com que então caíu na asneira
de fazer, na quarta feira,
trinta e nove anos!
Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
de quem tem muito miolo..."

Enfim, espero que não fiques zangado por te fazermos aqui uma festa!
E para que não fiquemos só pelos poemas brincalhões (que também têm o seu lugar, pelo menos para nos animar de vez em quando e fazer sorrir!) vou transcrever-te um poema do José António sobre um Aniversário:

"Nascer é abrir os olhos e ver
Nascer é sentir a vida a pulsar
Renascer é SABER e QUERER,
Sabendo que tudo se pode RENOVAR

Renascer é ter vontade de viver
Uma vida diferente e melhor
É morrer para a tristeza e ser
Capaz de escolher o AMOR

E se todos os dias isto fizermos,
De parabéns sempre estaremos
Não só nos dias dos anos, saberemos
Que SOMOS AQUILO QUE CRIARMOS!

Criamos à nossa volta ALEGRIA
Se, saíndo de nós, formos capazes
De celebrarmos aquela MAGIA
E de em nós sermos sempre AUDAZES!"

José António


Querido Jorge, que o dia 25 seja cheio de FELICIDADE e que tenhas muitos outros Aniversários felizes para partilhares conosco!

Isabel

(Fotos de Isabel)

Ainda as Recordações de Lisboa...


A minha Amiga Ana diz que o post das Castanhas assadas lhe fez lembrar os antigos pregões de Lisboa, os amoladores que percorriam a cidade gritando pela clientela e todos aqueles factos que naquele tempo faziam parte do quotidiano sem causar estranheza e que agora já não existem.

O seu comentário trouxe-me recordações da minha primeira infância... no Campo de Santana, em Lisboa...


As manhãs calmas e solarengas estendiam-se interminavelmente para uma criança...
Os sons de Lisboa íam mudando ao longo do dia, desde os pregões da senhora que, ao fundo da rua, à esquina com a Luciano Cordeiro, vendia os jornais, ao homem da hortaliça, que passava manhã cedo e depois de novo perto da hora do almoço, na sua carroça puxada por um macho.

"É o Popular!" - gritava ela a plenos pulmões, com uma voz que eu imaginava ter sido treinada especialmente para atingir aquela força... "É o Popular!!!!"

Do meu quarto, num rez do chão quase na esquina com a Rua Gomes Freire, ouvia os gritos do "homem da hortaliça" ainda antes da sua carroça descrever a curva... Ele parava o macho do outro lado da estrada (hoje seria considerado contra-mão) e berrava a plenos pulmões. "É a hortaliça fresquinha!" As senhoras e algumas empregadas chegavam à janela e apressavam-se a atravessar, rodeando a carroça antes que esta continuasse a descer a rua... Ainda fazia uma paragem mais abaixo, na esquina com a Luciano Cordeiro, onde já estava "no seu posto" a fortíssima senhora cujos berros de "É o Popular!!!" atroavam todo o Campo de Santana...

De vez em quando, era o pregão do "Amola tesouras e navalhas" que se fazia ressoar... no meio do barulho característico do carrinho que empurrava e dos apetrechos que utilizava para amolar as tesouras e navalhas que alguns acorriam a trazer-lhe...

Ao fim da noite, era o Guarda Nocturno que passava, assobiando baixo e, frequentemente, verificando as portas dos prédios e cumprimentando as pessoas que conhecia. Parava para falar com alguém ou ajudar alguma velhota a abrir uma porta mais perra...

Quando os Pais saíam, ficava às vezes, por entre os vidros da janela, as luzes apagadas, a ver passar os elétricos que dali seguiam até ao Cais do Sodré...

O Campo de Santana era assim matizado, ao longo de um dia inteiro, de todas as cores, cheiros e sons. E essas impressões indeléveis ainda podem facilmente ser despoletadas por algo tão simples quanto o comentário da Ana.


Hoje, por trás do Campo de Santana (actualmente mais conhecido como Campo dos Mártires da Pátria) ainda há umas ruas estreitas que parecem o bairro de uma aldeia e onde toda a gente se conhece. Ainda se sente em toda a vizinhança, uma Amizade que transborda das pessoas que constantemente se vêm passar, a ir ao pão ou ao jornal, ao quiosque do Sr. Rajá, ou às Leitarias... Mas já não há pregões matinais, homens da hortaliça ou "amola tesouras e navalhas"...

Isabel

(Fotos e Lisboa de Isabel).

segunda-feira, janeiro 23, 2006

No tempo das castanhas...


No tempo das castanhas,
Lisboa de outros tempos,
tinha tardes tamanhas
de tempo e de espera,
de cinzento frio
por fora da janela,
e do Natal
que se adivinhava
ao fim duns dias...

Era o tempo de ser pequena,
de esperar
que a tarde terminasse
para que a família,
em torno à mesa,
comesse e conversasse.

Naquele tempo havia em cada casa,
o tempo das conversas,
do convívio,
e em cada casa havia,
contra o frio,
calor humano que aromatizava
o inverno
que apenas começava...

Ouvia-se o bater da porta.
A voz forte que dizia:
"Já cheguei!"
E no sobretudo quente,
o Pai trazia,
quentinhas,
as castanhas para a Mãe...

Doce recordação
de tempos idos...
Para sempre,
esse tempo das castanhas,
é o tempo
das ofertas do amor,
que hoje, sem pudor,
me traz saudades
tamanhas...

Isabel

(foto de Isabel).

SINTONIA


Sintonia é estarmos sempre conscientes
Saber quem somos e para onde vamos
Sermos só e completamente presentes
Como as árvores, das raízes aos ramos

É pressentirmos o que vai acontecer
É sabermos captar um brilho no olhar
É sermos inteiros para a vida e saber
Que somos a ave que no céu está a voar

Completa é a sintonia quando vemos
No longínquo horizonte já o caminho
Que sentimos cá dentro e sabemos
Que não há dor que afaste o carinho

Sintonia é também querer e saber afinar
Corpo, alma , mente, coração como um só
É ter vontade, querer e poder alcançar
O cume mais alto, desatando qualquer nó

Brilha dentro de si a luz da serenidade
Que flutua pairando por sobre as águas
Abrindo todas as portas à perenidade
Transformando em Paz todas as mágoas

José António

(Foto de José António - Cores Outonais em Naarden, Holanda)

terça-feira, janeiro 17, 2006

Criatividade também é inovação de técnicas artísticas!


Este "post" é dedicado ao nosso querido Amigo João Machado, sem dúvida uma das pessoas mais criativas que conhecemos e que, sem sucumbir à tentação de "se imitar a si próprio", continua sempre a reinventar a Arte e a criar as suas próprias técnicas.

O João aprendeu a pintar aos dez anos com o conhecido pintor Português Rosa Mendes, que, entre outras coisas, lhe ensinou, através das técnicas tradicionais, a pintar a óleo e a fazer retrato. No entanto, e apesar dos retratos magníficos que ao longo da vida foi fazendo, qualquer coisa faltava para que ele sentisse a sua criatividade manifestar-se em pleno. A pintura a óleo tem uma técnica demasiado específica para favorecer a experimentação de alternativas... E ao fim de várias décadas de pintar a óleo eis o João Machado a "inventar" a sua própria técnica de colagem!


Não, não se trata daquelas colagens incipientes em que grandes figuras são recortadas inteiras e combinadas com outras... Com o João, a técnica evoluíu imenso e ele apenas utiliza retalhos de cores com os quais ele próprio desenha tudo aquilo que quer transmitir... Desde quadros naif, deliciosos, até paisagens que parecem pintadas, passando por aventuras no domínio do simbólico, tem criado um pouco de tudo.


No ano passado, o João conseguiu, com o apoio da Câmara do Bombarral, ir ensinar gratuitamente às crianças de todas as Escolas Básicas do Conselho a sua técnica. Ele próprio custeou os materiais de que as crianças e professores precisaram e, com o apoio meritório da Câmara, organizou-se um gigantesco concurso em que muitas dezenas, senão centenas de crianças, participaram, ganhando prémios didácticos. Que bom, ainda haver gente que se lembra de apelar à criatividade das crianças, e instituições autárquicas que as apoiem!


Infelizmente, não tenho em forma digital as imagens das suas mais expressivas colagens, mas reuni algumas das mais simbólicas para as colocar aqui. Por outro lado, recentemente, o João recomeçou a fazer escultura em vide - algo que já tinha experimentado há alguns anos. Dessas esculturas vou aqui mostrar duas, a "ROSA CRUZ" - magnífico símbolo da Caminhada Humana de Sacrifício e Auto-Transmutação - e o Cisne Negro, exemplo do que pode ser "re-inventado" a partir de materiais da própria Natureza.


Aqui fica o nosso abraço para o João, pedindo-lhe que nunca deixe de ter esta incrível coragem de desbravar terreno novo e de nos encantar com as suas novas criações!

Isabel e José António

(fotos de Isabel de obras de João Machado).

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Em cada novo SER, é todo o Universo que se alegra!


Parabéns à NICHA pelo nascimento do Henrique! E obrigada pelo envio destas fotos!

Que belíssimo Bébé, com uma expressão de serena alegria e contentamento.

E todo o Universo se alegra de cada vez que uma criança nasce...

sábado, janeiro 14, 2006

Just BE...


Be empty:

Like a wind
that passes freely
without grabbing anything.

Be free:

For freedom is the silence
where you can cease to be
so small,
so tired
so scared of being One
with Life itself.

Be:

As one awakening
to a fresh new day
just BE;

As one observing
without previous thought
just SEE;

As one who LOVES
without a selfish centre
just shed the LIGHT
that gives you Life and Wings.

And with these Wings
become the Bird
that flies the World
with just one vision
unified:

A centre of all Space,
a moment of all Time,
a Self without a centre
and, in the Heart of All,
a point of FULL AWARENESS,
a HOME without a home;

A Heart that is all places
all times and every dream,
a Wing made just of Light
that shadows everything...

Just BE...

Isabel

(foto de Isabel tirada no Baleal, talvez a mais bela praia do mundo...)

Gatos, maravilhosos gatos...


Uns olhos brilham, vivos, na penumbra,
o corpo sempre alerta, p'ra saltar:
tudo escuta, o gato, tudo observa,
tudo nota e tudo quer 'xperimentar.

Corre atrás de um novelo colorido,
Depois sobre, para ver de lá de cima,
se passa alguém por baixo, distraído
ou se encontra algum brinquedo escondido...

À noite, já cansado de brincar,
vem sentar-se no colo de quem quer:
parece um novelinho a respirar,
mas fica, só enquanto ele quiser!

Nos gestos, lembra fina bailarina,
na pose, a altivez da realeza,
mas tem bom coração, este felino
e só lhe falta falar! Pois com certeza!


Pela janela
o raio de luz
vai acordar a gata preguiçosa:
espreguiça-se a felina
e desgostosa
caça com a pata
o atrevido raio solar!


Duas gatas brincam na soleira:
brincalhonas, correm uma atrás da outra...
Esta aqui, salta na dianteira
a outra olha, com ar de marota.
Logo a embuscada se forma
e uma sobre a outra salta:
depois as duas se abraçam
rodando na confusão
desta guerra inventada
por um gato brincalhão!

Isabel

(fotos de Isabel da Samantha e da Saphyra)

Transmutação...


Dentro de mim um turbilhão
Mistura tudo completamente
Ideias, a vida, a própria intuição
E as palavras já não exprimem
O que cá dentro me diz o coração

São alguns vislumbres do infinito,
É apanhar o âmago duma questão,
É sentir o pulsar da vida num grito!
A poesia que me sai de todo o SER
E me leva a uma outra dimensão

O corpo físico reage mais lento
Primeiro já chegou o pensamento
Bem o exercito e sempre tento
Que o mesmo atinja o comprimento
Necessário para voar como o vento

Invade-me uma sensação de PAZ
Que se transmite a todo o meu SER
Já não importa se se faz ou não faz
Não importa se há ou não prazer
Importa saber se de intuir se é capaz

E pequenos milagres acontecem
Neste transmutar pleno de energia
Pairam as núvens que amanhecem
Anunciando o nascer dum novo dia
Que lindos raios de Sol já aquecem

José António

(Foto de Isabel)

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Um agradecimento à Maria João Figueira...


Um olhar muito atento
É tudo quanto é preciso
Para não se dormir ao relento
Ou sequer se ficar indeciso

Se observarmos com atenção
Com os olhos do fundo do SER
Tudo ganha nova expressão
Sente-se o coração a aquecer...

Tudo se vê num só olhar
Reflecte-se até a intuição
E a vida fica a ganhar
Com tamanha revolução

Revelação é este olhar
Profundo na observação
Tão distante como o mar
Tão alto como o coração

Nesta maneira de ver
Vê-se com os olhos da Alma
Aspira-se apenas a SER
Afagando-se na brisa calma

Ver. amar. saber ou intuir
Provêm todos da mesma Fonte
Saber ouvir e deixar fluir
A Água por debaixo da ponte...

Para a Maria João Figueira com muito carinho.

José António

(foto de Isabel)

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Um contributo da nossa Amiga Ana Paula...

Ana Paula:

"Abrir o coração é desnudar-se,
é deixar de proteger-se...
Quem não arriscar
SER inteiramente,
será, seguramente,
CATIVEIRO DE SI".

(Mensagem sms enviada pela autora em 28 de Dezembro de 2005).

(Foto de Isabel)

Paixão por Lisboa... retomando um poema de Outono...


Neste final de tarde
tocam sinos
de uma Igreja que não vejo,
mas que sei -
em Lisboa, no Chiado.

É talvez
a Igreja de Fernando Pessoa,
cujos sinos
ele ouvia e amava,
daquele amor
que só ele fingia
realmente...

De repente,
é a tarde
de todos os Outonos,
lentos, inexoráveis...
E são fantásticas,
estas árvores alongadas e oblícuas
que descem a Avenida
e deixam espalhar
o verde inconsútil
do seu próprio modo de amar.

Quem mais amou?
Quem mais amará?
O Poeta, ou a Árvore,
assim para o céu erguida
neste fim de tarde,
recolhida
e gentil?

E um perfume paira
que não se explica
nem retém...
Um bébé sorri para a Mãe...
Uma Avó deixa caír um embrulho...
E o entulho
na borda do passeio
adquire tons alaranjados
pelo pôr do Sol.

A cidade respira
em redor...
E eu suspiro
e sinto
que neste Outono
deslizado
vagarosamente entre os dedos
pressinto os segredos
nocturnos e ágeis
que apenas se deixam adivinhar...

A cidade boceja.
A noite vem
e escurece os cais.
Amanhã há mais.

Isabel

(Poema escrito num fim de tarde, em 2 de Novembro de 2005).

(Foto de Isabel - Lisboa banhada de Luz, vista do Castelo).

terça-feira, janeiro 10, 2006

O Nosso Amigo João Firmino...


Na juventude, tinha já o mesmo ar, o mesmo olhar inquisitivo, o mesmo sorriso.
E, como ele descreveu quando do lançamento do seu livro, desde os doze ou treze anos que deixou entrar na sua vida três coisas muito importantes:
A descoberta da Poesia (o primeiro poema);
A descoberta da música (a primeira guitarra);
A descoberta do que é ser "arrebatado" pelo INFINITO...

Hoje, ao lermos os seus textos vemos uma evolução na escrita, no pensamento, na OBSERVAÇÃO...

Há algo de "Krishnamurtiano" na sua maneira de olhar e, sobretudo, de VER.

Tem sido um amigo dedicado e sensível, e por isso lhe dedicamos estas palavras.

Isabel e José António

(foto tirada por Isabel durante o Lançamento do seu livro, em Setúbal).

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Superação de si mesmo...




Este texto é dedicado a dois Amigos, a Noémia e o Júlio.

A Noémia é uma amiga nossa!
Houve um tempo em que estava tudo bem.
Trabalhava e cuidava da sua família com a compreensão e ajuda do seu marido, o Júlio.

O Júlio tinha diabetes e não lhe era permitido pelos médicos fazer muitos esforços, para evitar os problemas que poderiam advir da sua condição de diabético.

E a sua vida ía decorrendo...

Mas uma outra contrariedade, de monta, veio bater à porta deste casal.

A Noémia tinha um cancro no sangue.
Iniciou o seu grande, doloroso e lento calvário.
As consultas, as "baixas prolongadas", as radiações para debelar a doença, as transfusões, as dores quase contínuas que apareceram e íam minando a saúde de uma mulher simples, bondosa e entregue às suas atribuições profissionais e particulares.

E foram horrores, coma as dores ora nos ossos, ora nos tecidos expostos às radiações, as quais provocavam uma debilidade física que, para quem não tem ou não sabe o que é isso, são inimagináveis.

O Júlio sofria calado.
De tanto ver a esposa sofrer, fez uma promessa:
"Se a minha Mulher um dia ficar boa, hei-de ir a pé a Fátima acender uma vela a Nossa Senhora".

A sua casa distava de Fátima cento e tal quilómetros...

O tempo foi passando. O calvário parecia não ter fim.
Mas a perseverança foi mais forte e houve uma alegria muito grande quando a Noémia, depois de muitas análises, tratamentos, anos, meses, dias, horas e minutos, fez a última análise que a dava como curada.
Não havia vestígios de células cancerígenas nas suas últimas análises ao sangue.

E Júlio, de imediato, pôs pés ao caminho.
Andou, andou e foi traído pelos seus problemas diabéticos e bolhas e feridas nos pés.
Desistiu e voltou para trás.

Mas a determinação era mais forte.
A vontade de agradecimento, a ultrapassagem de si próprio, das suas fraquezas e dos seus limites, e a superação psicológica e física que conseguiu interiorizar, foram mais fortes que tudo isso.
Das fraquezas fez forças e das forças fez pulmão e açúcar bastante para cobseguir realizar o seu feito.

Foi neste último fim de semana.

E uma Luz muito poderosa acendeu-se dentro e fora de si.
Entraram em sintonia e hoje está calmo.
Não se sente orgulhoso nem herói, apenas tem a noção de se ter ultrapassado a si mesmo.

Porque razão será que se diz, "A Fé move montanhas"?

José António

9 de Janeiro de 2006

(Foto de Isabel de uma escultura em vime realizada por João Machado e intitulada
"A Rosa Cruz" - símbolo de sacrifício e transcensão da natureza humana).

MUDAR SEMPRE...


E não se esqueça também de mudar
Mesmo que não veja muito bem
Sua maneira de as coisas encarar,
Porque a vida é sempre um vai e vem.

Mude de ponto de vista e verá
Que tudo corre mais fácilmente,
E você, outra pessoa se sentirá,
Mais disponível mentalmente.

A mudança é uma constante
Partículas, átomos e correntes...
Muda-se devagar, ou num instante!
Muda-se tudo, sem precedentes.

Mas, para mudar, é preciso saber
Que só é benéfica a mudança
para um nível mais alto do SER:
O Amor, a alegria e a esperança...

José António

09 de Janeiro de 2005

(foto de Isabel).

domingo, janeiro 08, 2006

E ressuscitou ao terceiro dia...


(Fotos de Astérix por SOFIA ALEXANDRA)

Chegar a casa com três dias de operada e um arco íris nos céus de Lisboa.
Ir à farmácia sozinha e sentir-me BEM!
Entrar em casa e ser recebida em festa, especialmente pelo Astérix!
Trouxe-me todos os seus ossos para demonstrar a sua alegria...
E, como eu pedira, encontrar acesos a Árvore e o Presépio neste dia de Reis...

Isabel

Velando pela Isabel em 03/01/06 às 17H35...

(Foto de SOFIA ALEXANDRA)

Dar-te chá, sem tu sentires
Velar por ti adormecida
É outra forma para intuires
Que somos a própria vida

Sorrir para ti quando acordas
Afagar-te ternamente a mão
É como a teoria das cordas
Que se capta com o coração

O teu Anjo da Guarda serei
Nesta e em vidas vindouras,
Porque o cerne da vida verei.
Há verdades imorredouras...

José António

(Velando pela Isabel em 03/01/06 às 17h35...)

SER e não ser... enquanto se espera...


Ver e nada conseguir saber
Será o pior de todos os infernos
Confunde-se o SER com o ter
E começam todos os Invernos...

Caem chuvas grossas, tempestades,
Granizos, nevões e todos os ventos...
Tudo ocultando as últimas realidades
E fogem-nos as forças e os alentos.

Mas há sempre uma transformação.
Não se pode eternamente caír!
O que nos toca fundo o coração,
Será aquilo que nos faz subir.

Saber que só por dentro se sente
É subir ao dealbar da consciência
Se o mundo emana da mente
É aí que reside a transcendência.

Subjectivo e objectivo são
Apenas dois lados da consciência.
Não é diferente mente ou coração,
A Realidade é só UMA, à transparência.

Não existe essa fictícia divisão
Entre Ciência e Espiritualidade.
O que produz essa separação
É a mente em conflitualidade.

José António

(À espera do regresso do bloco operatório, 10H00 do dia 03 de Janeiro de 2006).

(foto de Isabel)

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Noite de espera...


Noite de espera,
delirante
de tão calma,
que na Alma
já os signos
se inscrevem,
do que há de passar.

Noite de espera,
noite cuja calma encerra
esse dom raro e pleno,
de o tempo abrandar...

Noite de espera...
E no silêncio que reina,
surge o Anjo que desenha
em nossas vidas o belo
e lhe dá a forma e a cor.

E da noite, antes incerta,
surge então
a porta aberta
para um outro "poder SER",
uma porta, uma passagem,
que, mesmo sem outra margem,
nos permite atravessar
sem medo de nos perder.

Isabel

Lisboa, 01H52 do dia 02 de Janeiro de 2006.

(texto e foto)

"Twilight and Evening Bell"...



Nesta noite de espera, vem à memória o verso sublime de um Poeta Britânico, sobre aquela Partida que, de entre todas, nos leva à Grande Aventura.

"Twilight and evening bell,
And after that, the dark!
And may there be no sadness of farewell,
When I embark;

For tho' from out our borne of Time and Place
The flood may bear me far,
I hope to see my Pilot face to face
When I have crossed the bar."

Alfred Tennyson (1809 - 1892)
Poeta Britânico
De: Demeter and Other Poems "Crossing the Bar".

Numa livre tradução improvisada, poderíamos transcrevê-lo da seguinte maneira:

"Crepúsculo e sino da tarde,
E depois, a escuridão!
Mas que não haja tristeza no adeus,
Quando eu embarcar;

Pois embora para além dos nossos limites de Tempo e Espaço
A enxurrada me possa levar,
Espero ver o meu Piloto face a face,
quando a barra atravessar."

Isabel

(foto de Isabel da Foz do Arelho).

domingo, janeiro 01, 2006

Últimos minutos do primeiro dia do ano...


Pois é, cá estamos no final do primeiro dia do ano, sabendo tudo quanto nos espera nos próximos dias, embora não tudo quanto nos espera ao longo deste ano que queremos crer será maravilhoso!

Maravilhoso, pois cada dia será uma nova batalha pela fraternidade, pelo sentido da vida, pelo Amor, (sempre pelo Amor, pois sem ele não há fraternidade nem sentido de vida!)

Por vezes somos confrontados por situações que nos causam apreensão ou receio. Medito um pouco sobre isto. Porquê o receio? Porquê o medo? E revisito situações vividas ou testemunhadas... A forma como por vezes se apodera de nós um receio fundo que nos corrói a Alma... e a forma como ele se instala distraíndo-nos da nossa Natureza essencial... Afinal, não haveria receio se não houvesse um "eu" para proteger a todo o custo! Então, se por um momento a minha consciência se libertar do jugo deste "eu" tirânico, vai-se o medo, a tensão, a tentativa ridícula de me proteger não sei bem de quê, e na ausência desse "eu" fechado posso abrir-me à minha Verdadeira Natureza, à profundiade do SER de onde provenho, e, confiando no Universo Pai Mãe, abandonar-me ternamente aos seus cuidados.

Então, as tais nuvens dissipam-se e surge a Luz imorredoira da PRESENÇA.

Isabel

(texto e foto)

Ano de 2006...


"Ano Novo, vida nova!" - diz o povo.

Isto diz-se normalmente sem se saber claramente em toda a profundidade o que se quererá afirmar com esta frase. De tanto ser repetida, passou a ser um lugar comum. Acaba, na maior parte das vezes, por ficar longe, tão longe do significado profundo.

Há, porém, algo de verdade, que vem de antanho. Quando o calendário dá a volta, no subconsciente colectivo, há todo o desejo de que aquela frase corresponda à realidade.

No mais profundo de cada ser existe o desejo comum de que a vida deixe de ser um vazio; deixe de ser mesquinha e vil. Há também o desejo de que as coisas funcionem em corrente contínua de partilha, de solidariedade, de amor universal, de respeito pela vida, pelas leis universais e onde todos pudessem evoluir de forma plena e, para usar uma terminologia muito em voga neste tempos, "sustentada".

Mas os homens não sabem! Os que sabem calam-se para continuarem a usufruir daquilo que conquistaram usurpando o que seria e deveria ser de todos. E à força de tudo terem, tudo controlarem e de assegurarem que tudo continuará a possibilitar esse usufruto e domínio, deixam tudo estar como está. Para tudo continuar na mesma.

E voltaríamos novamente a questão: e se todos os dias fossem Natal? Seria preciso que se morresse para este velho, esta situação podre e indigna; seria preciso que todos os atordoados fossem abanados pelos mais conscientes; seria preciso que todos os blogs da poesia da vida e da verdade inundassem de LUZ e VIDA todos os seres.

E se todos os poetas deixassem de só fazer poesia e levassem a poesia para as suas vidas diárias? E se toda a poesia fosse viva como uma chama crepitante e posta ao serviço de toda a humanidade? E, ainda mais, se toda a poesia falasse e transmitisse o cerne da vida por toda a parte?

Como os votos que se costumam formular na frase citada, se meteriam a caminho dessa "nova vida"...

Um bom ano para todos vós

José António

Feliz Ano Novo!


Um Novo Ano começou... Tem pouco mais de uma hora. Por todo o País, há pessoas que festejam...ou não!
Para todos esses, os que começaram sem a Esperança de um sorriso ou de uma Alegria, vai o meu pensamento...

É Ano Novo... e apesar de o mundo ter demorado mais um segundo a girar, nada mais parece ter mudado...

Possa o Novo Ano trazer mudanças reais ao nível dos corações dos homens, tornando-os mais justos, mais fraternos, mais felizes porque iluminados...

Isabel

(texto e foto)