Poesia Viva

segunda-feira, janeiro 23, 2006

No tempo das castanhas...


No tempo das castanhas,
Lisboa de outros tempos,
tinha tardes tamanhas
de tempo e de espera,
de cinzento frio
por fora da janela,
e do Natal
que se adivinhava
ao fim duns dias...

Era o tempo de ser pequena,
de esperar
que a tarde terminasse
para que a família,
em torno à mesa,
comesse e conversasse.

Naquele tempo havia em cada casa,
o tempo das conversas,
do convívio,
e em cada casa havia,
contra o frio,
calor humano que aromatizava
o inverno
que apenas começava...

Ouvia-se o bater da porta.
A voz forte que dizia:
"Já cheguei!"
E no sobretudo quente,
o Pai trazia,
quentinhas,
as castanhas para a Mãe...

Doce recordação
de tempos idos...
Para sempre,
esse tempo das castanhas,
é o tempo
das ofertas do amor,
que hoje, sem pudor,
me traz saudades
tamanhas...

Isabel

(foto de Isabel).

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