Poesia Viva

domingo, abril 30, 2006

POEMA À AMIZADE NUM CAMPO DE PAPOILAS


Por sugestão da nossa querida amiga Berenice, vamos transcrever um poema que lhe deixei como comentário, no seu blog "TRANQUILIDADE SIDERAL", a propósito dum post dela sobre "papoilas":


POEMA À AMIZADE NUM CAMPO DE PAPOILAS

Num campo de papoilas o meu sonho
Numa tela desfocada a vida inteira
Tenho vontade de voar quando me ponho
À procura da vida toda e inteira

Num mar azul reflectindo o céu
Lanço meu barco em busca do infinito
Cubro minha cabeça com o teu chapéu
E ao Sol do meio dia lanço um grito

Voa para o alto sem saires daqui
Aporta teu barco na minha enseada
Escreves o poema mais lindo que vi
Sem porta de saída nem de entrada

Fica sempre alerta, fica atenta
Para poderes ser o que for preciso
É a vida ela própria que nos alenta
E nos fomenta todo o choro e o riso

José António

(Foto de Isabel tirada em viagem, numa área de serviço,
o que explica a existência de uma rede diante das papoilas!)

terça-feira, abril 25, 2006

Porque em qualquer dia é dia de se amar uma Mãe...

"Mother of the World" - Nicholas Roerich

Para a minha Mãe, com Amor...

Esta caixa tão singela
Que parece estar vazia
Esconde, afinal, dentro dela,
Por um acto de magia,
Muitos beijos e Amor
Para quem é uma Flor!

Assim, sempre que sentir
No coração um vazio,
Pode esta caixinha abrir
E logo se solta um rio
Que apaga qualquer dor,
Pois que é líquido Amor!

Isabel

sexta-feira, abril 21, 2006

Apelo à Ave que passa...


Apelo à Ave que passa...

Citação:

"Passa Ave, passa e ensina-me a passar" - Alberto Caeiro.


Passa Ave, passa e voa
Ensina-me a passar também
Que a tristeza não te doa
Quero ver-te ir mais além...

Quero contigo vislumbrar
Para além do horizonte...
Por sobre a dor saber pairar,
Para construir a tal ponte...

Ponte de força e generosidade
Que vem do mais íntimo de mim...
Que tudo liga com a Verdade
Que levo no meu Bergantim...

E se voares por sobre o mar,
meu barco a navegar seguirás...
Serás um farol para me guiar
Quer vás à frente ou atrás...

E se de repente asas ganhar,
Deixa-me também voar contigo...
Ou acompanha-me a navegar
porque sou apenas teu amigo...

E em voos, curtos ou largos,
Saberemos ao fim chegar...
Transmutando sabores amargos
Para a paz por fim alcançar...

José António

(Foto de Isabel)

terça-feira, abril 18, 2006

Do fundo da Alma...


Do fundo da Alma vem o Apêlo...
Segui-lo, às vezes, tarda!
Mas, finalmente, seguiremos o Elo,
Mesmo que a dor nos arda!

Limparemos o coração com actos
De puro SERVIÇO e então,
Só então, ficaremos aptos
A abrir o nosso coração!

Tal como Prometeu tentou
O Fogo do Céu roubar
E a Humanidade esperou
Que ele lho viesse entregar,

Sejamos nós capazes de Coragem
Agora e até ao fim desta viagem!

Isabel

(Foto de Isabel - Elvas, Portugal)

sexta-feira, abril 07, 2006

Abraço...


Pai e filho estavam em casa, calmamente. O Pai mexia nos livros espalhados na secretária, tentando ordená-los. O filho estava sentado, lendo um livro, ou, aparentemente, folheando-o.

O pai levantou os olhos olhando pela janela e viu o mar colorido pelos raios de sol que nele se espraiavam. Abriu-se-lhe a boca de espanto, ante a beleza que saindo daquela paisagem inundava todo o seu ser. Ficou parado... só olhando.

O rapazinho, devagarinho aproximou-se do Pai. As mãos suaves agarraram-se às suas pernas e disse simplesmente:

- Estou aqui! Sou eu!

O pai pegou-lhe ao colo, beijo-lhe os cabelos com suave cheiro perfumado e levou-o até à janela. Ficaram os dois a olhar o mar, que dali se avistava, até nele perderem a vista...

- Pai, as ondas nunca param de querer entrar pela terra dentro?
- Querem abraçar a Terra, como eu te estou a abraçar a ti!...
- E quando se abraça alguém, é porquê?
- É porque se gosta dessa pessoa que abraçamos. É uma manifestação de amor!
- Ah! ... então o ar também deve gostar muito da Terra!... Está a abraçá-la de noite e de dia...
- Pois é, meu filho! É como dizes...
- E o mar também quer abraçar sempre a Terra, porque vai e vem, e vem e vai, e abraça-a tantas vezes...
- É assim o amor verdadeiro. Nunca se cansa, nunca pára de homenagear a quem quer bem!
- Pai, Pai, queres ser sempre comigo como o Mar é com a Terra?
- Sim, meu querido! É assim que vai acontecer, gostarmos muito um do outro!
- Mas, ó Pai, por vezes os abraços do mar são muito violentos, trazem ondas, vagas, remoínhos, podem destruír...
- Pois é. meu querido! Mas todas as ondas, vagas, correntes, tempestades, só existem à superfície. Lá no fundo, em águas profundas, permanece sempre a serenidade e a suave ondulação.
- Então e como se faz para evitar essa tão grande força agitada que nos pretende abraçar e que nos pode matar?
- Devemos afastar-nos da superfície, onde todas essas tempestades ocorrem e dirigir-nos para o fundo do nosso mar, sem quaisquer tipos de culpa, à procura da paz.

O menino, embora não entendesse muito bem, abraçou-se mais ao Pai e os olhos de ambos perderam-se no momento e no seu infinito mar, olhando o mesmo ponto longínquo.

José António

6 de Abril de 2006

(foto de José António)

Somos todos Peregrinos...

"Por morrer uma andorinha
Não se acaba a Primavera!"
Assim, Aquele que Caminha
Em si mesmo a LUZ encerra...

E com essa LUZ do SER,
E com esse Amor à Vida,
Se descobre esse Poder
Que sempre nos dá guarida.

Por isso, Aquele que Caminha,
Regressa à Casa do Pai...
Peregrino que palmilha,
Que vacila, mas não cai!

Isabel

3 de Abril de 2006

(foto de Isabel)

segunda-feira, abril 03, 2006

A FONTE...


Procedamos à divisão da mais ínfima partícula
Que anda no céu a pairar para se poder ligar
Sem consternação, sem faltar nenhuma vírgula
A tudo o que anda no ar e está por se revelar...

Essa divisão que se faz, já não pode ser chamada
Matéria como a concebemos, ou já a sabemos!
É campo, uma onda, porção de energia condensada
Que tudo cria, tudo renova e já não a vemos...

É nessa imaterialidade, nesse tudo, nesse nada,
Que o Todo concebeu a sua Manifestação!
Deu início a esta grande e Eterna Jornada
Como um sopro cósmico da sua imaginação...

Criou formas, substâncias e aparências...
Deixou que tudo fluísse energicamente...
Deu-lhe um fio condutor para as exigências
Das dificuldades, que são postas pela mente...

E nesta complementaridade entre tudo,
Neste único processo, eterno e infinito,
Não há vida nem morte e contudo,
Soltamos a cada passagem, nosso grito!

José António

Foto de Isabel

PAISAGEM INTERIOR DA PRIMAVERA...

PAISAGEM INTERIOR DA PRIMAVERA...


Era o cheiro da Terra,
da chuva,
da Primavera...
O relvado,
até onde se via
afagava-se
de vento e de orvalho...

Pulsa
com interno fogo
a Terra
nas entranhas
férteis dos vales...


Nas montanhas,
nos lagos,
nos rios,
até onde se avista,
o Céu é um reino
de estrelas invisíveis,
de espaços abertos,
de nuvens espelhadas,
de cores matinais...


Súbito,
o som
de um pássaro isolado
cortando, como um risco,
um céu inacessível,
espelho invisível
de um sonho,
uma memória...

Isabel

(Fotos de Isabel)

domingo, abril 02, 2006

OS CICLOS INFINITOS

Nicholas Roerich - Star of the Hero

Subitamente tudo aconteceu
No pico mais alto da montanha
O primeiro raio de sol apareceu
Inundando tudo de luz tamanha

As flores depressa se abriram
Brilharam as gotas de orvalho
As águas do ribeiro se agitaram
Iniciaram as aves seu trabalho

E tudo ficou mais brilhante
Com este impulso de energia
Todos os seres foram adiante
No alvorocer daquele novo dia

Azáfama estonteante permanente
Transformando-se e transformando
Toda a actividade sempre diligente
Toda a vida inteira se derramando

A seu tempo veio a noite escurecer
Permitindo a pausa tão merecida
Repousando se pode renovar o SER
Que de novo se lançará à vida

É uma das leis do Universo inteiro
À expansão seguir-se-á a contracção
Na Natureza isto é tão verdadeiro
Como se fosse uma longa respiração

Assim bombeia o sangue o coração
Assim se seguem as noites e os dias
A alegria dá-nos uma positiva emoção
Na tristeza apagam-se-nos as magias

E de novo o Sol se porá a brilhar
Dará vida a tudo quanto dormia
De novo os pássaros irão cantar
Novo ciclo de tudo o que se cria.

José António

ETERNIDADE É ...SER


Eu gostava de ser, simplesmente!
Poder ver o infinito e nele me rever
Olhar todas as coisas de frente
Sentir a vida a pulsar e a crescer!

Mas tenho consciência de estar
A viver o presente tão vivo! Agora!
Por isso vou querer sempre ficar
A ser apenas! A não me ir embora!

Fundo-me com o Universo inteiro
Num vai e vem eterno, intemporal
Qual viagem suave em meu veleiro
No oceano da energia universal

Regressarei para nova jornada
Trazendo comigo todo o farnel
Aprendido na anterior caminhada
Cheio do sal da vida e do mel

Não quero saber de cansaços
Dos desgostos ou das alegrias
Quero horizontes não baços
Quero a Luz do início dos dias

José António

(Foto de Isabel - Nazaré em Fevereiro de 2005)