Poesia Viva

terça-feira, maio 30, 2006

Da tristeza à esperança...


"Quando tiveres uma lágrima de tristeza,
Parte-a ao meio! Dá-me metade e chorarei contigo!
Quando tiver um sorriso e alegria e singeleza,
Dou-to inteiro, só para te ver feliz, meu Amigo!"

Se as amarguras desta vida te travarem,
Não desistas, nem desanimes. Apenas sorri!
Não deixes os sulcos da tristeza se gravarem
Chama por mim! Para ti, estou sempre aqui.

Dá-me a tua mão, enche o peito de ar!
Anda, vamos os dois voar pelo céu infinito...
Outros horizontes vamos, pois, encontrar,
Soltaremos ao universo nosso pleno grito...

Tudo é cíclico, nesta grande aventura de viver.
"Atrás de tempos, tempos vêm" - é o que dizem!
Se teu olhar não tiver lágrimas, mas souber ver,
As coisas hão-de mudar, aprenderás a SER.

E, lentamente, o teu sorriso poderá voltar.
Uma nova energia inundará todo o teu ser...
Dentro de ti, está toda a capacidade de amar,
Apenas tu e só tu a poderás fazer acontecer!

José António

(foto de Isabel)

sexta-feira, maio 19, 2006

Lisboa, a Capital das Jacarandás floridas...





Já o sol percorria, apressado
A passagem da Primavera para o Verão,
Com a força pujante da sua Luz
Alumiando cada coração,
Recebi da Vida a prenda mais bonita
A felicidade a que não se diz "não"!
Nem se deixa perder,
Dado que é Bênção,
Água da vida que nos lava o coração!!!

Isabel, 18 de Maio de 2006....

(Fotos de Jacarandás retiradas da Internet... Desconheço o nome dos autores...)

quinta-feira, maio 11, 2006

Sonho ou realidade...


Tive um pensamento!
Começou de mansinho
E foi nas asas do vento...
Cheio de amor e carinho
Ganhar também alento
Para cumprir sem caminho
E ficar sempre atento!

Pensei ser uma flor,
Que tudo perfumasse
Em ondas de amor...
Que tudo inflamasse
Suprimindo a dor,
Que se derramasse
Numa tela de cor...

Pensei ser um clarão
Que iluminasse
Ao homem o coração
E que retirasse
Da mente a ilusão!
E que retivesse
Nas minhas, a tua mão!

Pensei ser uma ave,
Em voo de liberdade...
E de arabesco suave!
E com total dignidade,
Deixando de ser grave,
Pondo fim à iniquidade
Antes que ela nos trave...

Mas, como tudo sou
E nada posso ser,
Prefiro ser o que dou!
A inteira alegria,
O sol que tudo corou!
Da Alma, a Poesia
Que em nós tudo tocou!

José António

(Foto de Isabel)

De repente...


De repente, tudo em si pode mudar!
De repente, tudo pode acontecer...
Se quiser, tudo pode transformar...
Se prestar atenção, a vida pode SER.

Não exija que as coisas aconteçam...
Antes abra seu coração ao momento...
Respire fundo, deixe que floresçam
As sementes da Paz, como fermento.

Sinta a vida toda inteira que há em si...
Sinta o Universo em suas veias a pulsar!
Toda a vida, acontecendo agora e aqui,
Energia que tudo pode transmutar.

Serenamente a mudança acontece,
Se a harmonia em si introduzir...
Seu átomo permanente não fenece
E será ele que continuará a sorrir.

Sorrindo sua vida transformará,
Eterno processo de aprendizagem...
Por certo nova sabedoria lhe trará,
Para utilizar na sua nova viagem.

José António

(Foto de José António)

domingo, maio 07, 2006

"Por causa da cor do trigo..."



Hoje sinto-me melancólica...
Lembrei-me de Saint Exupéry, quando fez a dedicatória do seu mais conhecido livro, o Principezinho... Dizia ele que pedia desculpa às crianças por dedicar esse livro a um adulto, mas esse adulto estava naquele momento a sofrer. Além disso, aquele adulto compreendia tudo, até os livros para crianças. Finalmente, dedicou o livro à criança que aquele amigo adulto um dia tinha sido...

Esta madrugada já estamos no dia da Mãe... Mas, tal como Saint Exupéry, em vez de dedicar este post apenas à minha Mãe, eu gostaria de dedicá-lo também aos meus filhos e àqueles amigos que neste momento estão a sofrer...

Os Budistas acreditam que todos estamos inter-ligados... Todos já fomos, ou ainda viremos a ser, "mães" uns dos outros... E todos podem ser vistos e amados como "nossas mães". Para ocidentais esta ideia pode parecer, à primeira vista, uma tontice ... e no entanto, talvez não seja assim tão disparatada... Todos dependemos uns dos outros, todos nos alimentamos de muitas formas, sejam elas nutritivas, afectivas ou intelectuais... Todos trocamos os sinais que fazem de nós, quando tudo corre bem, mais humanos, mais abertos, mais puros e calorosos, mais simples, como crianças alegres de verem tudo quanto as rodeia.

Há nessa forma de ser no mundo uma permanente descoberta que, embora desapegada, não está liberta de um profundo sentimento de GRATIDÃO para com todos...

Parece isto muito vago e incompreensível? Bem, então deixem-me explicar com um exemplo:

Quando eu era criança, naquela grande casa sombria mas naquela época profundamente fraterna que ficava no Campo de Santana, havia duas senhoras idosas que costumavam visitar-nos e que sempre traziam, no fim de semana, uma latinha cheia de deliciosos suspiros! A latinha "morava" num armário da casa de jantar que sempre possuia, para mim, um cheiro único e convidativo a suspiros... As longas tardes da infância, quando as sombras já se arrastavam nos corredores um pouco sombrios, eram habitadas pelo canto dos pássaros e pelo aroma dos suspiros confeccionados pelas duas senhoras...

É extraordinário como qualquer simples recordação pode conter uma tal profundidade de referências - sobretudo as não explícitas... E como, a partir de um único movimento de gratidão na nossa Alma, um rosário enorme de amor, amizade e cumplicidades imediatamente se desata, como num filme em que víssemos passar à nossa frente todos quantos nos fizeram algo, por mais mínimo.

Sentimos, então, a incrível Bênção que é a VIDA, mesmo quando tenha problemas e obstáculos, e lembramos com uma Saudade que quase nos sufoca os que já partiram, mas sabemos que estão também por dentro de nós... nunca deixarão de ser nossas Mães e nossos Filhos.

Aos meus Pais e aos meus Filhos - por tudo quanto me têm ensinado - ao meu Querido e Bem Amado Companheiro, quero hoje sussurrar "obrigada" - mas apenas com a Alma, com um coração a transbordar como um jardim florido.

Mas a todos os amigos que agora estão a passar provações, envio o perfume daqueles suspiros, a sombra dos corredores tardios, a cor forte das flores do Jacarandá...

Todos deixaram em mim marcas indeléveis, para vós vai neste momento também irrepetível todo o azul do meu céu.

Isabel

Lisboa, 07 de Maio de 2006.