Paixão por Lisboa... retomando um poema de Outono...
Neste final de tarde
tocam sinos
de uma Igreja que não vejo,
mas que sei -
em Lisboa, no Chiado.
É talvez
a Igreja de Fernando Pessoa,
cujos sinos
ele ouvia e amava,
daquele amor
que só ele fingia
realmente...
De repente,
é a tarde
de todos os Outonos,
lentos, inexoráveis...
E são fantásticas,
estas árvores alongadas e oblícuas
que descem a Avenida
e deixam espalhar
o verde inconsútil
do seu próprio modo de amar.
Quem mais amou?
Quem mais amará?
O Poeta, ou a Árvore,
assim para o céu erguida
neste fim de tarde,
recolhida
e gentil?
E um perfume paira
que não se explica
nem retém...
Um bébé sorri para a Mãe...
Uma Avó deixa caír um embrulho...
E o entulho
na borda do passeio
adquire tons alaranjados
pelo pôr do Sol.
A cidade respira
em redor...
E eu suspiro
e sinto
que neste Outono
deslizado
vagarosamente entre os dedos
pressinto os segredos
nocturnos e ágeis
que apenas se deixam adivinhar...
A cidade boceja.
A noite vem
e escurece os cais.
Amanhã há mais.
Isabel
(Poema escrito num fim de tarde, em 2 de Novembro de 2005).
(Foto de Isabel - Lisboa banhada de Luz, vista do Castelo).
6 Comments:
At quarta-feira, 11 de janeiro de 2006 às 15:59:00 WET, oceanus said…
Gostei imenso deste Poema! Quase que o conseguia ouvir, palavra por palavra, pela voz da Isabel. E de certa forma, fui levada para o Chiado ... hum! Partilho a mesma " Paixão por Lisboa"
Um grande beijinho
Até breve!
At quinta-feira, 12 de janeiro de 2006 às 08:44:00 WET, joao firmino said…
Cada vez vez é mais clara a tua paixão pelo Chiado. Sente-se o quanto aquele lugar te arrebata o coração e a alma. É como uma espécie de reconhecimento de qualquer coisa que te ficou gravada na alma e é muito forte. Sobretudo, seja o que for, é algo muito bonito e muito importante para ti.
Beijinhos,
João
At quinta-feira, 12 de janeiro de 2006 às 14:10:00 WET, Jorge Moreira said…
Isabelinha,
Apanhas uma Luz e um Perfume muito especiais sobre Lisboa.
Beijinhos
At domingo, 15 de janeiro de 2006 às 23:54:00 WET, Isabel José António said…
Janus,
Não sei quem é mas obrigada pelas suas palavras. Já as que deixou no "Just BE" não tive a certeza do que quereriam realmente dizer... Mas são sempre bemvindos os seus comentários.
Abraço,
Isabel e José António
At quarta-feira, 25 de janeiro de 2006 às 11:27:00 WET, Isabel José António said…
Quando eu disse que se quisesse poderíamos falar, foi isso mesmo - nós temos um entendimento da vida e da morte que talvez lhe pudesse trazer algum consolo. E quando é preciso ajudar, têm que se encontrar formas. Nem que seja a pessoa sair do mundo virtual e falar "ao vivo" - mas isso, claro, se um dia quisesse. Por outro lado, se prefere esta forma de falar, por escrito, porque não nos manda um email? Poderíamos escrever-lhe sobre aquilo que está a passar duma forma menos "exposta".
Um grande abraço e ainda bem que conseguimos fazer parte de uma espécie de "jardim virtual" onde vem refrescar-se...
Isabel
At quarta-feira, 25 de janeiro de 2006 às 11:28:00 WET, Isabel José António said…
Ou seja, Mãe, queria dizer porque não nos manda o seu endereço de email, para que possamos escrever-lhe?
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