Poesia Viva

domingo, março 19, 2006

Paisagem interior da Primavera...


Era o cheiro da Terra,
da chuva,
da Primavera...

O relvado,
até onde se via,
afagava-se
de vento
e de orvalho...

Pulsa
com intenso fogo
a Terra...

Nas entranhas
férteis
dos vales,
nas montanhas,
nos lagos,
nos rios,
até onde se avista,
o Céu é um Reino
de estrelas invisíveis...

De espaços abertos,
de nuvens,
espelhadas
de cores matinais...

Súbito,
o som
de um pássaro isolado,
cortando como um risco
um Céu inacessível,
um espelho invisível,
um sonho,
uma memória...

Isabel

29 de Abril de 1997 - Foto de Isabel:
Relva penteada pelo vento no Jardim Botânico de Lisboa.

2 Comments:

  • At domingo, 19 de março de 2006 às 23:33:00 WET, Blogger Pedro Melo said…

    Maravilhoso, dava para desenhar um belo quadro impressionista com este poema.

     
  • At segunda-feira, 20 de março de 2006 às 00:16:00 WET, Blogger Isabel José António said…

    Gosto tanto da junção de vários sentidos! Como uma espécie de "sinestesia", mas não apenas como "figura gramatical" mas na "real", na vida! Ou seja: a utilização de um sentir com um olher, de um ver com um aspirar, de um ouvir com um "gostar"!... Esta relva "penteada pelo vento, o cheiro da terra húmida e os sons que no "background" de um jardim formam como que uma desconhecida partitura todos deveriam poder ser pintados... se apenas eu soubesse como!

    Grande abraço!

    Isabel

     

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