Uma pedra pequenina...
Dedicado ao Jorge Castro pelo seu acolhimento e
inspirado num dos poemas da sua "sopa de pedras"!
Era uma pedra magmática
Muito lisa e bem polida
Alheia a toda a matemática
E que se sentia perdida!
E o caminho que andou
Até chegar aonde estava
Ilustra o que se passou
E o que foi a sua estrada
Morava, em total fusão
No núcleo dum planeta
À força de tal pressão
Derivou para um cometa
Percorreu todo o espaço,
Emigrou para esta Terra,
Tornou-se dura como aço
E andou por tanta guerra!
À força da água e do vento
Que em seu rosto batiam,
Desfez-se tão a contento
Da rocha onde a queriam
Então, um pequeno fragmento
rolou pela encosta abaixo
E apenas, num só momento,
Estava com algas por baixo
E os peixes vinham visitá-la
E ela não se podia mexer
Quiseram cumprimentá-la
E ela nada podia dizer!
As ondas fizeram, então,
Seu trabalho de desgaste
E com tanta rebentação
Desfizeram aquele engaste
Mais uma vez ficou à deriva,
Cada vez com menor dimensão
Em seus grânulos deu guarida
Às partículas em suspensão
Nas águas então pairaram
Partículas e fragmento rochoso
Na boca de um peixe acabaram
Que se mostrou bem guloso
O peixe também teve seu fim
Às mãos de uma rede astuciosa
Por fim foi servir de festim
A uma boca mais gulosa
Então, pedra já não era,
Apenas um sal mineral,
E, por tudo quanto fizera,
Era uma Pedra Filosofal!
E quando por fim regressou
Misturada com excrementos,
A água que então a banhou
Trouxe outros desenvolvimentos...
O mesmo corpo já não tinha...
Deixou de se poder ver...
A essência, essa, mantinha-a,
Na fragilidade de seu SER
Teria que esperar eternidades
Até que conseguisse reunir
Outras partículas sem idades,
Para com elas se poder unir
E de novo tudo recomeçar,
Juntando-se a outras poeiras...
Que se iriam conglomerar
Até formarem rochas primeiras
E com pedras, e das águas,
Das essências e dos vapores,
Não viveremos com mágoas,
Mas sim de todos os amores...
E uma pequena pedrinha
No seu espaço limitado
Toda a vida ela continha!
Ficou o mistério desvendado!
José António
(Foto de Isabel)
5 Comments:
At terça-feira, 7 de março de 2006 às 07:40:00 WET, Hata_ mãe - até que a minha morte nos separe Hugo ! said…
Isabelinha
Linda menina, fotografa excelente com o seu José Antonio, cheio de palavras doces e azuis.
Um beijo para voces
At terça-feira, 7 de março de 2006 às 08:53:00 WET, Unknown said…
Linda imágen y poema...la verdad que algo entendí,tendré que aprender Portugues.
Saludos desde Noruega.
At terça-feira, 7 de março de 2006 às 13:10:00 WET, Conceição Paulino said…
belíssima imagem e lindo poema k dedicm ao orca.
Bjs de luz e paz e um sereno dia p/ os 3
At terça-feira, 7 de março de 2006 às 16:30:00 WET, Pedro Melo said…
Um belo ciclo de renovação maravilhosamente descrito numa "viagem"...
Bela foto!
At quarta-feira, 8 de março de 2006 às 22:37:00 WET, Jorge Castro (OrCa) said…
Muito grato pela homenagem, meu caro. Na verdade, pedra a pedra se erguem os nossos sonhos. Não de muros, ou de barreiras, mas na construção dos afectos.
Uma bela réplica à minha Sopa ;)
Um grande abraço... e beijos à família, muito grato também pela vossa presença, como pela vossa empenhada participação no encontro.
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