
SABEDORIA
Dei por mim a perguntar:
Onde está a Sabedoria?
Se existir, onde a encontrar?
Será uma espécie de magia?
E porquê esta necessidade
De saber, de ser e de sentir
De buscar a eterna verdade
Que se está desde já a pressentir?
E ouvi uma voz que me dizia
Dentro de mim, tão baixinho:
“Não digas nada, apenas vigia,
Encontrarás sempre o Caminho”.
Olha à tua volta, atentamente,
Não faças juízos de valor.
É a tua mente que te mente
E não sente a essência duma flor
O Sol a raiar, a chuva a cair
Os ventos em força a gemer…
A Natureza, para sempre a parir
Em todo o esplendor do SER…
Um sorriso pronto a despontar
Um lágrima quase furtiva a cair
Uma criança que quer brincar
A Esperança que se quer intuir…
A força de dispersão a funcionar
Em contraponto com a da coesão
Aquela vontade de querer amar
De tudo sentir com o Coração…
A palavra simples e certeira
O Silêncio que se quer interior
A entrega leal, tão verdadeira,
Como o perfume duma bela flor…
Um abraço que se quer dar
Para pôr fim à fria rejeição…
Uma finta, para se poder evitar
Uma dor profunda no coração…
E nasce dentro de nós a certeza
De que uma única e só energia,
Produz, assim, a união e a beleza
Como que por um passe de magia
E sentimos e sabemos, lá no fundo
Que tudo e todos, somos UM SÓ,
Que aquilo tudo que existe no mundo
É para partilhar sem qualquer dó
Ao sentirmos esta eterna conclusão
Vemos que toda a nossa energia
Está impregnada, no nosso coração,
E mergulhada na imensa Sabedoria
Sabedoria que em todo o lado está
Oculta, por vezes, ou à nossa vista…
E se querermos aceder à que há,
Olhamos o horizonte que se avista.
Horizonte que sempre nos aponta
Para o nobre silêncio, tão reparador…
No mundo, estamos só por nossa conta,
À procura do Amor, no nosso interior.
Lisboa, 03/Junho/2009
José António
(Fotos de Isabel)