Numa rua de Lisboa... Recordando o Verão!
Lisboa, uma rua íngreme...
A calçada irregular dá cabo dos sapatos.
As casas podem estar sujas, mal tratadas, mas não são nunca feias...
Há uma certa alegria no ar, mesmo no meio da desordem.
Uma janela abre-se de repente.
Uma senhora de braços roliços, com uma blusa estampada com flores berrantes, começa a estender roupa enquanto grita. para dentro de casa, ordens às crianças...
A água pinga o passeio.
Um transeunte distraído apanha um pingo na cabeça.
Acordado assim, subitamente, dos seus pensamentos melancólicos, ergue a cara magra demais e enrugada de preocupações, para ver de onde vem aquela água gelada.
A senhora grita da janela: "Desculpe lá, oh vizinho!"
A cara rude abre-se-lhe num sorriso caloroso que consegue pôr cor na face do transeunte...
Adiante, dois rapazes discutem no passeio, até um deles se escarranchar numa moto e partir, numa nuvem de fumo e de barulho.
Da padaria vem um cheiro quente a pão e a bolos.
A velha professora do bairro dirige-se à pastelaria da esquina, onde se habituou a tomar café. Agora, que está reformada e viúva, falta-lhe o contacto com gente jovem, a "esgrima" diária de ideias e emoções.
Um carro de uma senhora nova, muito bem vestida mas claramente mal disposta, quase atropela o velhote dos jornais. Porque é que aqueles que têm mais, deixam de ver à sua volta?
O velho dos jornais tem a pele curtida pelo sol e os cabelos completamente polvilhados de branco.
Nem sempre foi vendedor de jornais. Durante muitos anos, andou no mar. Agora, que está velho, o quiosque do canto passou a ser uma ocupação menos violenta, mas que permite mesmo assim ajudar a família.
A sua paixão é a neta. Por isso até gosta de trabalhar no quiosque, onde ela às vezes vem fazer-lhe companhia e aproveita para ler os suplementos juvenis dos jornais ainda não vendidos. Ela diz que quer ser médica, e o avô não vê chegar o dia de a ver "doutora"!
O sol está tão forte, que os poucos homens que, por razões profissionais, têm que andar de fato e gravata, apresentam um aspecto afogueado e sofrido. Alguns, tentam alargar imperceptivelmente o colarinho e o laço da gravata...
O Senhor Manuel, por exemplo, que trabalha no Cartório Notarial, já só sonha com a noite de sexta feira, em que irá encontrar-se com a sua nova namorada, na zona ribeirinha da cidade. Aí, ao menos, faz fresco! E há tantos cafés e restaurantes nesta zona renovada da capital! Vai tão distraído, que nem vê que a empregada da Pastelaria só tem olhos para ele!
Um pardal desce em voo picado até à esplanada, onde o seu olhar fino e atento apercebeu umas migalhas caídas no chão. A esta hora, está pouca gente na esplanada, pode andar por ali à vontade, a saltitar no seu passinho alegre e ligeiro.
O vento traz agora uma brisa fresca, dourada pelo sol de Julho.
Entre as pessoas que se agitam, os pássaros, as árvores que estremecem ao contacto da brisa e do sol que as alegra, há na cidade uma paz invisível.
A calçada irregular dá cabo dos sapatos.
As casas podem estar sujas, mal tratadas, mas não são nunca feias...
Há uma certa alegria no ar, mesmo no meio da desordem.
Uma janela abre-se de repente.
Uma senhora de braços roliços, com uma blusa estampada com flores berrantes, começa a estender roupa enquanto grita. para dentro de casa, ordens às crianças...
A água pinga o passeio.
Um transeunte distraído apanha um pingo na cabeça.
Acordado assim, subitamente, dos seus pensamentos melancólicos, ergue a cara magra demais e enrugada de preocupações, para ver de onde vem aquela água gelada.
A senhora grita da janela: "Desculpe lá, oh vizinho!"
A cara rude abre-se-lhe num sorriso caloroso que consegue pôr cor na face do transeunte...
Adiante, dois rapazes discutem no passeio, até um deles se escarranchar numa moto e partir, numa nuvem de fumo e de barulho.
Da padaria vem um cheiro quente a pão e a bolos.
A velha professora do bairro dirige-se à pastelaria da esquina, onde se habituou a tomar café. Agora, que está reformada e viúva, falta-lhe o contacto com gente jovem, a "esgrima" diária de ideias e emoções.
Um carro de uma senhora nova, muito bem vestida mas claramente mal disposta, quase atropela o velhote dos jornais. Porque é que aqueles que têm mais, deixam de ver à sua volta?
O velho dos jornais tem a pele curtida pelo sol e os cabelos completamente polvilhados de branco.
Nem sempre foi vendedor de jornais. Durante muitos anos, andou no mar. Agora, que está velho, o quiosque do canto passou a ser uma ocupação menos violenta, mas que permite mesmo assim ajudar a família.
A sua paixão é a neta. Por isso até gosta de trabalhar no quiosque, onde ela às vezes vem fazer-lhe companhia e aproveita para ler os suplementos juvenis dos jornais ainda não vendidos. Ela diz que quer ser médica, e o avô não vê chegar o dia de a ver "doutora"!
O sol está tão forte, que os poucos homens que, por razões profissionais, têm que andar de fato e gravata, apresentam um aspecto afogueado e sofrido. Alguns, tentam alargar imperceptivelmente o colarinho e o laço da gravata...
O Senhor Manuel, por exemplo, que trabalha no Cartório Notarial, já só sonha com a noite de sexta feira, em que irá encontrar-se com a sua nova namorada, na zona ribeirinha da cidade. Aí, ao menos, faz fresco! E há tantos cafés e restaurantes nesta zona renovada da capital! Vai tão distraído, que nem vê que a empregada da Pastelaria só tem olhos para ele!
Um pardal desce em voo picado até à esplanada, onde o seu olhar fino e atento apercebeu umas migalhas caídas no chão. A esta hora, está pouca gente na esplanada, pode andar por ali à vontade, a saltitar no seu passinho alegre e ligeiro.
O vento traz agora uma brisa fresca, dourada pelo sol de Julho.
Entre as pessoas que se agitam, os pássaros, as árvores que estremecem ao contacto da brisa e do sol que as alegra, há na cidade uma paz invisível.
Isabel
(Foto de Isabel)
1 Comments:
At domingo, 19 de fevereiro de 2006 às 21:44:00 WET, Pedro Melo said…
Sim, decididamente uma forma muito original de "mostrar" a Lisboa!!!
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