Poesia Viva

segunda-feira, março 27, 2006

O TEMPO...


O TEMPO

O tempo do relógio não tem tempo
É o constante passar dos segundos
Desliza suavamente como o vento
São tempos imemoriais profundos

Transporta pedaços da eternidade
Penetra em tudo aquilo que existe
Muda toda a substancionalidade
Para outro nível de quem assiste

São voltas e mais voltas intermináveis
Em marcha acelarada uniformemente
Transformando em seivas incontáveis
Tudo o que se renova constantemente

Diferente é o tempo, da humana mente
Aquele a quem se chamou psicológico
Paralisa o Eu sempre tão completamente
Faz-se passar pelo SER, o que é ilógico

Vive numa eterna luta permanente
Querendo viver no futuro ou no passado
Não quer teimosamente estar no presente
Finge que vai, mas não vai a qualquer lado

E se não estivermos vigilantes, atentos
Resvalamos facilmente para lado nenhum
Começamos a querer raciocinar, tão lentos
Deixamos de pensar que todos somos UM

E assim paralisados, perdidos sem norte
Vivemos a vida sem estar no presente
Fingindo viver até ao cair da negra morte
Estando sempre cada vez mais ausentes

Se ao tempo prestarmos toda a atenção
Sentindo a cada momento o aqui e o agora
Passamos a viver numa outra dimensão
Ausentamo-nos, mas não vamos embora

Aprende a olhar o tempo e a tudo sentir
Da dimensão do infinitamente pequeno
À imensidão cósmica sempre a fluir
E saberás sentir-te sempre tão sereno

José António

(Foto de Isabel)

10 Comments:

Enviar um comentário

<< Home