Poesia Viva

terça-feira, fevereiro 07, 2006

CALEIDOSCÓPIO...


Calcorreio as ruas da cidade lentamente
Observando tudo à minha passagem:
Atenção continuada, sempre permanente,
Esbatendo completamente a minha imagem...

E sinto tudo como se fosse um só SER!
As aves rasgam os céus em voos picados...
As pessoas, passam apressadas, sem VER
Troncos de árvore que parecem parados...

Os gritos alegres das crianças ecoam no ar
Misturados com os pulos e as loucas correrias...
E a brisa fresca vem os belos rostos afagar
Revigorando sempre todas aquelas energias...

Os rodados dos carros eléctricos nos carris, chiam...
A buzina estridente penetra nos neurónios
Pondo em pé os cabelos que se arrepiam,
Acordando Pessoa e os seus Heterónimos!

Os velhos, à saída do Metro, pedem esmola...
Dois braços ajudam a manobra, mão estendida...
Um puto pendura-se no eléctrico, com a sacola...
A senhora no banco olha a mocidade perdida!

E escorrem as tintas desta grande variedade
Mundos correndo dentro de outros mundos,
Que a vida corre à frente da solidariedade
Empurrando tantos para a lama dos fundos!

A prostituta faz um sinal ao proxeneta
Dando o recado de a função ter acabado
O carro pára no sinal. Olha para a sarjeta
Sente-se o mau cheiro logo ali ao lado...

À frente dois namorados estão alheios
A este mundo, que gira à volta deles...
Comungam apenas os seus anseios
Excitam com os beijos suas peles.

E passa uma ambulância velozmente,
Em mais uma emergência de aflição!
Um garoto maltrapilho come um pão...
Na janela, um olhar perdido vagamente...

Nesta miríade de tantas vidas cruzadas
Meus olhos regressam ao presente!
Sentem: "As vidas só serão realizadas
Se TODOS começarem a SER GENTE!"

Gente de Corpo Inteiro, Espírito e Alma
Estando activos a mente e o coração...
Numa simbiose que a todos acalma,
Que a todos faz progredir a evolução.

José António

(Foto de Isabel - "Azáfama na Rua do Carmo")

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