É noite e chove...
É noite e chove...
Aquela mulher
está à janela a espreitar o mundo.
Quem sabe o que sentirá?
Se, no seu SER mais profundo,
alguma dor roerá
o coração destroçado?
E o mundo fica parado
pelo peso desta pergunta,
que perturba até as estrelas,
que a vêm, lá na janela...
Aquela mulher parece,
talvez não triste
mas longe...
Onde andará sua chama?
Aquela luz que parece
que dos olhos vai saltar
numa prece?
Aquela mulher, de noite,
debruçada na janela,
será que é mesmo ela
que ontem na praça vi,
com uma rosa na lapela?
Pareceu-me então que sorria,
mas agora,
na noite chuvosa e fria,
não sei o que então teria,
já não parece risonha...
Debrucei-me na janela.
Fiz-lhe um sinal com a mão...
E - alegra-se-me o coração!
Eis que a mulher na janela
sorri e acena com a mão!
Já não chove
e eu fiquei
com calor no coração...
Afinal, mulheres ou estrelas,
todas somos bem pequenas,
é preciso dar-se a mão.
E do sorriso partilhado
as estrelas fizeram luz
que agora no céu reluz.
Isabel
Lisboa, 01H55 do dia 2 de Dezembro de 2005.
(foto de Isabel)
3 Comments:
At sexta-feira, 2 de dezembro de 2005 às 11:07:00 WET, joao firmino said…
A foto e o poema são absolutamente um pedaço de paraíso. Creio que apanhaste muito bem a essência do paraíso: o sorriso e a dor em simultâneo. Estavas mesmo inspirada nessa noite de chuva.
Beijinhos.
João F.
At sábado, 3 de dezembro de 2005 às 12:33:00 WET, Conceição Paulino said…
de facto temos k ver para além das apar~encias e fazer o gesto, o movimento. bjs de luz e paz
At domingo, 4 de dezembro de 2005 às 01:17:00 WET, Jorge Moreira said…
Soberbo este teu perfume de palavras...que se fica sem palavras...palavras para quê?
Simplesmente maravilhoso e Inspirado.
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