Poesia Viva

sexta-feira, dezembro 02, 2005

É noite e chove...





É noite e chove...

Aquela mulher
está à janela a espreitar o mundo.

Quem sabe o que sentirá?
Se, no seu SER mais profundo,
alguma dor roerá
o coração destroçado?

E o mundo fica parado
pelo peso desta pergunta,
que perturba até as estrelas,
que a vêm, lá na janela...

Aquela mulher parece,
talvez não triste
mas longe...
Onde andará sua chama?
Aquela luz que parece
que dos olhos vai saltar
numa prece?

Aquela mulher, de noite,
debruçada na janela,
será que é mesmo ela
que ontem na praça vi,
com uma rosa na lapela?
Pareceu-me então que sorria,
mas agora,
na noite chuvosa e fria,
não sei o que então teria,
já não parece risonha...

Debrucei-me na janela.
Fiz-lhe um sinal com a mão...
E - alegra-se-me o coração!
Eis que a mulher na janela
sorri e acena com a mão!

Já não chove
e eu fiquei
com calor no coração...

Afinal, mulheres ou estrelas,
todas somos bem pequenas,
é preciso dar-se a mão.

E do sorriso partilhado
as estrelas fizeram luz
que agora no céu reluz.

Isabel

Lisboa, 01H55 do dia 2 de Dezembro de 2005.

(foto de Isabel)

3 Comments:

Enviar um comentário

<< Home